OS DIAS DE CUIMBA 11
Esta espera permitiu-nos viver um dia diferente.
Aconteceu que no dia 31 de Julho fomos brindados com um espectáculo de variedades. A azáfama foi grande, tínhamos que receber condignamente quem, correndo riscos, vinha até nós para nos proporcionar um dia de alegria.
À frente do elenco, o saudoso humorista português Humberto Madeira. Acompanhavam-no três artistas de Angola, além da bem conhecida locutora angolana Ruthe Soares. (Por motivos profissionais, voltaria a encontrar esta senhora 30 anos depois, então a viver no Porto).
Vale a pena contar aqui um pouco da enorme emoção vivida naquele dia, começando por dizer que aquelas eram as primeiras mulheres que me era dado ver após sete meses de isolamento. Só quem tenha vivido situação idêntica poderá aquilatar da emoção a que me refiro.
Vieram militares das outras companhias, a animação era geral e a festa prometia. As primeiras filas foram ocupadas pelos oficiais e sargentos, só depois as praças. O espectáculo decorria em clima de grande alegria e descontracção. Aplaudíamos calorosamente a actuação de uma das cançonetistas quando um jovem alferes se aproximou do palco, na mão levava um pequeno ramo de flores silvestres, a jovem agradeceu o gesto retribuindo com dois beijinhos.
Vendo isto, alguns dos assistentes saíram de mansinho, foram em busca das milagrosas mas raras florinhas. Não estranhei, por isso, que, ao regressarem, na mão trouxessem pouco mais que capim. Apesar disso, a fila dos “candidatos” foi crescendo, e sempre que acontecia um intervalo avançavam tentando a sorte.
Dias depois chegaram finalmente as notícias que tanto esperávamos. A ordem era de “arrumar as malas”, ou seja, o posto de escuta situado em Cuimba era extinto. Deveríamos encaixotar todo o equipamento, por forma a regressarmos a Luanda no dia 7 de Agosto.
Nunca uma tarefa nos deu tanto prazer.
6 comentários:
Percebo nas tuas palavras a Saudosa Alegria que te proporciona relembrar tudo isso !
Obrigada por compartilhar conosco esses teus momentos !
Beijo meu querido !
Unasfotografias que me traen muchos recuerdos,pronto pondré las fotos de la guerra de mi sbuelo,así las llamo yo,es un albún entero que me regalo a los 14 años ya que mi abuelo fué un grán referente en mi viday elamor y cariño entre nosotros....Gracias por tu visita.besos
DEUSA
VICTORIA
Para vocês um beijinho de gratidão.
Boa semana.
G.J.
Imagina Gaspar, a emoção! Deve ser muito estranho ficar tanto tempo junto com um bando de homens, confesso que nunca entendi esta coisa de servir o exército, da disciplina militar ou a idéia de conviver tanto tempo com o mesmo gênero. Um amigo contou-me que se desenvolve uma camaradagem... mas eu imagino que ver uma mulher deva ter sido infinitamente melhor. bjs
Em relação à 1ª foto,trata-se do Capitão Ferráz.Ele não morreu como disse,mas sim num acidente de viação.De regresso de Maquela do Zombo,em coluna,e depois de uma lauta refeição,o Unimog onde vinha virou(capotou) numa curva devido á terra estar balofa,por ser terra nova não batida,colocada lá hà pouco tempo pela Engenharia.Ao virar,o Unimog,progetou o Capitão a uns metros de distância,o qual caíu no chão morto.Supõe-se que morreu de indegestão devido à aflição de momento,pois as escoriações que tinha,não justificavam a morte.Mais informo que ele era tão bom ou tão mau,que os soldados da CCS,ao saberem do sucedido,embebedaram-se todos de satisfação.O CMDT Ramires da Fonseca (à direita na foto)teve de mandar fechar as cantinas,para evitar mais vergonhas.
Frias Gonçalves
Ex.Furr.Mil.da C.Cav.779
friasg@sapo.pt
Só quero acrescentar ao comentário do meu amigo Frias que o acidente que se registou originando a morte do referido Capitão Ivens Ferraz, no dia 21 de Outubro a 6 Km. de Maquela do Zombo e que o Comandante de Batalhão era Ten. Cor. José Luís Mendonça Ramires.
Um abraço...Ao Frias e ao Gaspar de Jesus..
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