sexta-feira, 31 de julho de 2009

FOTOS SOLTAS

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AFURADA EM AZUL 2
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quinta-feira, 30 de julho de 2009

FOTOS SOLTAS

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AFURADA EM AZUL 1
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quarta-feira, 29 de julho de 2009

FOTOS SOLTAS

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CONTRALUZ 2
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GENTILEZA DA AMIGA ALMA SERENA

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AGRADÊÇO À AMIGA SERENA POR COMPARTILHAR OS DOIS LINDOS SELINHOS COM O ARTE FOTOGRÁFICA E PEÇO DESCULPA POR SÓ POSTAR UM.
O OUTRO VINHA NUM FICHEIRO DIFERENTE E NÃO O CONSEGUI TRANSFERIR.
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OBRIGADO SERENA


terça-feira, 28 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA (FIM)

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 12
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Chegado o dia, eis-nos de volta. A viagem até São Salvador parecia-me agora mais curta e divertida. Fomos directos ao pequeno aeroporto onde um Nord-Atlas (avião de carga da Força Aérea Portuguesa concebido para operar em pistas de pequenas dimensões) nos esperava. Era também “baptismo de voo” para a maioria de nós e o contentamento era geral.
O avião vinha carregado de viaturas e outro equipamento militar, os bancos em lona estavam recolhidos, viajávamos em pé e isso serviu para aumentar a boa disposição.
Sessenta minutos depois descíamos sobre a capital. Estavam de volta as cores e o bulício da cidade, para trás ficava a primeira experiência em selva angolana.
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FOTO - JOSÉ BREGIEIRO
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Procurei na Wikypédia e encontrei a Cuimba dos dias de hoje, ou seja, quarenta anos depois da minha comissão de serviço.
É agora Vila de Cuimba, tem Escola, Bar-Hotel, Padaria e Monumento ao Presidente da República. A casa que habitei é agora sede da Administração Municipal.
Na Capela está ainda bem patente a violência da Guerra Civil (1977-2002).
As fotografias são de 2005 e estão assinadas por José Francisco Tavares
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FIM
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(Voltarei às minhas memórias)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

domingo, 26 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 11
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Ansiosamente aguardávamos pelos substitutos, mas da capital não chegavam notícias. Restava-nos esperar.
Esta espera permitiu-nos viver um dia diferente.
Aconteceu que no dia 31 de Julho fomos brindados com um espectáculo de variedades. A azáfama foi grande, tínhamos que receber condignamente quem, correndo riscos, vinha até nós para nos proporcionar um dia de alegria.
À frente do elenco, o saudoso humorista português Humberto Madeira. Acompanhavam-no três artistas de Angola, além da bem conhecida locutora angolana Ruthe Soares. (Por motivos profissionais, voltaria a encontrar esta senhora 30 anos depois, então a viver no Porto).
Vale a pena contar aqui um pouco da enorme emoção vivida naquele dia, começando por dizer que aquelas eram as primeiras mulheres que me era dado ver após sete meses de isolamento. Só quem tenha vivido situação idêntica poderá aquilatar da emoção a que me refiro.
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+ NA PRIMEIRA FILA Á ESQUERDA O CAPITÃO DE OPERAÇÕES DO 782
MORRERIA ALGUNS DIAS DEPOIS DURANTE UMA OPERAÇÃO DE RECONHECIMENTO
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O recinto preparado para o espectáculo estava cheio!
Vieram militares das outras companhias, a animação era geral e a festa prometia. As primeiras filas foram ocupadas pelos oficiais e sargentos, só depois as praças. O espectáculo decorria em clima de grande alegria e descontracção. Aplaudíamos calorosamente a actuação de uma das cançonetistas quando um jovem alferes se aproximou do palco, na mão levava um pequeno ramo de flores silvestres, a jovem agradeceu o gesto retribuindo com dois beijinhos.
Vendo isto, alguns dos assistentes saíram de mansinho, foram em busca das milagrosas mas raras florinhas. Não estranhei, por isso, que, ao regressarem, na mão trouxessem pouco mais que capim. Apesar disso, a fila dos “candidatos” foi crescendo, e sempre que acontecia um intervalo avançavam tentando a sorte.
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A COMITIVA POSANDO NAS ESCADAS DA NOSSA CASA
(quase que ficava fora da fotografia...rsrsrs)
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A confusão estava instalada (saudável confusão!), as incrédulas mas sorridentes senhoras esforçavam-se por corresponder a tanta “amabilidade”, tornava-se no entanto imperioso repor a normalidade e dar continuidade ao espectáculo. Seria o próprio comandante a impor serenidade aos jovens e acalorados oficiais. A festa terminou já a tarde se aproximava do fim, era tempo da simpática comitiva regressar a Luanda. Concederam-nos, no entanto, um tempinho para as fotografias da praxe.
Dias depois chegaram finalmente as notícias que tanto esperávamos. A ordem era de “arrumar as malas”, ou seja, o posto de escuta situado em Cuimba era extinto. Deveríamos encaixotar todo o equipamento, por forma a regressarmos a Luanda no dia 7 de Agosto.
Nunca uma tarefa nos deu tanto prazer.
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Continua

sábado, 25 de julho de 2009

FOTOS SOLTAS

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LUZ, SOMBRA E COR
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TRILOGIA NA AFURADA
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Foto - G.J.



sexta-feira, 24 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 10
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Ainda sobre estes “valentes” soldados do 782, não resisto a contar uma das peripécias mais hilariantes que vivenciei em Cuimba.
Os postos de sentinela ou de reforço tinham uma cama instalada para serem ocupados por dois soldados sempre que nos chegassem suspeitas de possíveis ataques ao aquartelamento. Nessas noites apagavam-se todas as luzes, ficava escuro como breu e ninguém via ninguém.
A ideia era que os dois homens se revezassem (enquanto um vigiava, o outro descansava), tornando-os assim mais confiantes.Naquela noite ouvimos alguém gritar bem alto por socorro, parecia-nos mais do que uma voz soando nas imediações da nossa casa. Levantámo-nos de supetão, ao mesmo tempo que nos interrogávamos: o que poderia ter acontecido? Abrimos a porta na tentativa de descobrir algo, mas a escuridão era total.
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Foto: José Mesquita
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Nada se viu, nada mais se ouviu e a normalidade voltou. Na manhã seguinte nem foi preciso indagar, já que era o tema das bem humoradas conversas à mesa do pequeno-almoço.
Terá acontecido que dois “maçaricos” de vigia estavam superassustados. O que àquela hora descansava adormeceu, no seu subconsciente o medo mantinha-se, sonhou que estava a lutar com um “turra”, rolou e caiu da cama. Estava confuso, traumatizado pela queda e não sentia o braço sobre o qual dormira.
Por sua vez, o soldado de vigia não via nada ao seu redor, mas ouviu muito bem o colega cair e gritar que lhe tinham cortado um braço…
Tomados pelo pânico, desorientados na escuridão, aos dois “valentes” sentinelas nada mais ocorreu que abandonar o posto e gritar por socorro.Lentamente, a vida em Cuimba voltou à rotina habitual. Os meus escritos apenas salientam que as colunas do 782 se esqueciam sistematicamente do nosso correio.
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Este facto causava-nos algum desconforto, desconfiávamos até que poderia ser intencional, dado que os homens do novo Batalhão não encaravam com naturalidade o facto de a equipa da escuta ser autónoma, não integrar a escala de serviço, nem tão-pouco comparecer na formatura para as refeições.
A 26 de Junho comemora-se o dia da Cavalaria e tal facto constituiu uma salutar “pedrada no charco” na apatia do 782.
O avarento comandante decidiu celebrar condignamente o dia da sua Arma. Abriu os cordões à bolsa e, ao almoço, fomos agradavelmente surpreendidos com a ementa: nem mais nem menos que leitão e batatas fritas.
Foi o que se pode chamar um “bodo aos pobres”, mas logo retornámos à normalidade, ou seja, à má alimentação.
A nós, homens da escuta, restava-nos a satisfação do dever cumprido, dado estarem já ultrapassados os seis meses da missão. Alegrava-nos também o facto de o capitão Guerreiro ter regressado a Luanda.

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Continua




quinta-feira, 23 de julho de 2009

O HOMEM T NO CORAÇÃO DO PORTO

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PORTO COM NOVO VISUAL
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Foto: G.J.
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A CULTURA NÃO É DECIDIDAMENTE O FORTE DE RUI RIO.
UNS CARRINHOS ANTIGOS ÀS VOLTAS NA CIDADE DE DOIS EM DOIS ANOS É O MAXIMO QUE SE PODERIA ESPERAR DO ACTUAL PRESIDENTE DA CÂMARA.
MAS AS ELEIÇÕES ESTÃO AÍ E A CÂMARA DEU LUZ VERDE AO PROJECTO DE INSTALAÇÃO PROPOSTO PELO ESPAÇO T
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A CIDADE E OS PORTUENSES AGRADECEM
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Foto: G.J.
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«Homem T – Um projecto de felicidade…»

O Espaço t comemora este ano 15 de existência e celebra-os sob o mote “Somos a fada que transforma Homens em Príncipes e a bola de neve onde ideias se transformam em projectos de sonho!”.
A Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária desenvolveu um projecto denominado 'Homem T' e este projecto visa, lutar pela inclusão de todos os seres humanos numa perspectiva Total, não havendo assim segregação positiva ou negativa.

A ideia é interessante!
Para além de dinamizar a praça, os Aliados, traz a arte/cultura visual artística ao espaço público urbano. Trará certamente os sonhos e a felicidade para quem lá passar...
Um bem-haja ao 'espaço t' - projecto de intervenção socio.cultural

Av. do Aliados: 03 Jul/31 Ago 2009

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Foto: G.J.
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Foto: G.J.
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Foto: G.J.
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Foto: G.J.
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Foto: G.J.



quarta-feira, 22 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 9
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Passados os primeiros momentos, abri a porta de casa na tentativa de ver o que realmente se passava e o que vi era digno de um filme de acção. As armas “cantavam” de todos os lados, as luzes estavam acesas e no ar pairava uma atmosfera de guerra. De repente surgem dois vultos correndo na minha direcção, empurram-me e entram de chofre, fechando a porta atrás de si. Só então vi tratar-se dos nossos sargentos, que, lívidos de medo e de arma na mão, vinham ocupar os seus abrigos.Acabei por fazer o mesmo, peguei na MAUSER e corri para o abrigo que me estava destinado. Era atrás de uma coluna da varanda mas estava já ocupado pelo sargento Ramos (o abrigo dele era precisamente ao lado).
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Cadaval, Simão e Gaspar
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Aos empurrões, reivindiquei o meu lugar, mas ele resistia e clamava, chorando, “ai os meus filhinhos”.
Acabámos por compartilhar a protecção do mesmo abrigo, a eterna dúvida a bailar na minha mente: se “isto” for verdade, deverei ou não disparar?
Felizmente, não vi vulto nem “turra”. Ainda não foi dessa vez que a velha MAUSER entrou ao serviço.
A “coisa” durou cerca de uma hora e foi o suficiente para mais uma noite em claro.
Quando o dia amanheceu, entrou em acção o Pelotão de Reconhecimento. Embrenharam-se na mata, bateram as cercanias, mas nada foi encontrado. Dizia-se que os “turras” não deixavam ninguém para trás, mas se nem sequer manchas de sangue foram avistadas…(?!)
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Logo eu que sou antitabagista...!?
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Por outro lado, no acampamento não faltaram motivos de galhofa ao verificarmos que os abrigos, constituídos por sacos cheios de areia, estavam transformados em “passadores”, tantos eram os orifícios de bala.
A explicação é simples: transidos de medo, os soldados protegeram o mais que puderam a cabeça, disparando às cegas, sujeitos até a que algum projéctil fizesse ricochete e vitimasse o valentão.

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Continua


terça-feira, 21 de julho de 2009

FOTOS SOLTAS

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COR E FORMAS
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 8
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Também a alimentação passou a ser pouca e má. O esquema era simples e acontecia com frequência. Alguns comandantes roubavam parte do dinheiro destinado à alimentação. Contavam, para isso, com a colaboração dos furriéis que nomeavam para o cargo de vagomestre.
Pretendendo agradar ao chefe, estes procuravam poupar o mais possível por forma a, mensalmente, depositarem nas suas mãos o dinheiro sobrante. Tive conhecimento de casos em que o comandante, não satisfeito com o “trabalhinho”, substituía o vagomestre e mostrava ao recém-nomeado as contas da administração anterior pedindo-lhe, inclusive, que se aplicasse para subir aqueles números.
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A equipa da Escuta
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Não admirava, por isso, que a alimentação tivesse piorado tanto, além de que os cozinheiros do 782 se mostravam desprovidos de jeito para o desempenho das suas funções.
Havia agora fome em Cuimba. A solução era tentar na cantina algo para comer. Cantina que era também administrada pelo comandante e onde, “curiosamente”, sempre encontrávamos à venda o que nos faltava no refeitório...
Por vezes chegavam até nós informações via Polícia de Informação e Defesa do Estado (a famigerada PIDE) alertando-nos para a possibilidade de, em determinadas noites, recebermos a indesejada visita dos “turras”.
Sempre que tal sucedia, apagavam-se as luzes do acampamento e reforçavam-se as sentinelas.
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No dia em que encontrei em Cuimba um companheiro dos bancos da Escola
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Suspeitas que quase sempre não passavam disso mesmo, mas que bastavam para nos deixar com os nervos em franja. Só que agora o Batalhão era novo e algo desastrado, teríamos de levar mais a sério essas denúncias, era agora maior a possibilidade de tal vir a acontecer.
Curiosamente, na noite de 6 para 7 de Junho não houve qualquer alerta. Teriam os “turras” descido a serra? Digo teriam porque não enxerguei nenhum. Admitindo que assim foi, teriam vindo para matar? Ou apenas para roubar alimentos, como tinha acontecido com outras companhias?
Não cheguei a saber.
Convictos de terem observado vultos no capim, os sentinelas dispararam as metralhadoras, levando a que os restantes militares pegassem nas armas e corressem para os abrigos. Não terão visto nada, mas despejaram os carregadores.
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Continua

domingo, 19 de julho de 2009

SUPER CIRCUIT - AUSTRIA 2009

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18. TRIERENBERG SUPER CIRCUIT
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AUSTRIA, CATEDRAL DA MUSICA, ACOLHE MAIS UMA EDIÇÃO DAQUELA
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QUE É CONSIDERADA A MAIOR E MELHOR EXPOSIÇÃO MUNDIAL DE
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FOTOGRAFIA
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INAUGURADA NO PASSADO DIA 2 EM LINZ ESTA EXPOSIÇÃO RECEBE QUALQUER COISA COMO QUARENTA MIL IMAGENS ENVIADAS PELOS CERCA DE TRES MIL E QUINHENTOS FOTÓGRAFOS DOS QUATRO CANTOS DO MUNDO
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DEPOIS DE REUNIDO O JÚRI OS TRABALHOS EXPOSTOS OSCILAM ENTRE OS 10 E OS 15% DO TOTAL RECEBIDO
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DE MINHA AUTORIA FORAM SELECIONADAS AS IMAGENS QUE SE SEGUEM
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sábado, 18 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 7
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A chegada aconteceu a 12 de Junho e gerou grande alvoroço.
Os “velhinhos” do 670 foram recepcionar os “maçaricos” à entrada do aldeamento com saudações de grande “cortesia…”
Eu explico:
Fazia parte do nosso fardamento um pequeno boné em tecido camuflado que denominávamos por “Quico”. Era uma peça do atavio que todos roubávamos a todos. A maioria dos “maçaricos” respondia à saudação com o “Quico” posto e a cabeça fora das viaturas… À medida que recebiam as boas-vindas, ficavam sem ele… Poucos terão escapado a este gesto de boa vontade. Zangado estava o segundo-comandante, não achara graça ao atrevimento e reclamava o “Quico” de volta.
Durante cerca de uma semana conviveram em Cuimba os dois batalhões. Era tempo da passagem de testemunho. As instalações ficaram acanhadas para tanta gente e a comida teve de ser repartida por todos.
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FINGINDO DE OPERACIONAIS
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: CADAVAL, FARIA, JOÃO E GASPAR DE JESUS
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Foi com um misto de pena e satisfação que nos despedimos e desejámos boa sorte aos amigos do 670.
Sabíamos também que, durante o período de adaptação dos novos militares a Cuimba, teríamos de ser cautelosos. E não nos enganámos.
Depressa se revelariam desastrados no manejo das armas.
Era muito comum naquela zona de Angola encontrarmos jibóias (serpentes), cuja dimensão em estado adulto pode atingir os quatro metros e meio. Este “bichinho” pode facilmente engolir um homem depois de o asfixiar (recebemos até instruções sobre a forma de usar a faca de mato caso fôssemos atacados por aquele que é considerado o maior réptil de África).
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Poucos dias após a chegada do 782, alguns soldados foram alertados pelo ganir aflito de um cão na periferia do aquartelamento, correram naquela direcção e depararam, espantados, com a serpente a engolir o pequeno animal.
Um deles correu à caserna e regressou de arma em punho, a intenção seria matar a jibóia, mas o primeiro a morrer foi o companheiro que estava na sua frente.
Também nos postos de vigia a falta de jeito para lidar com armas se manifestava. Sempre que uma ou outra rajada de metralhadora ecoava no aldeamento, já sabíamos que eram os rapazes a experimentar o material...
Os riscos eram bem evidentes. Por via disso, nunca mais passei por perto de um posto de vigia em Cuimba.





sexta-feira, 17 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

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MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 6
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ALGUNS DIAS ANTES DE IR À MÁQUINA ZERO
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. No início de Maio, a equipa de escuta foi surpreendida com a substituição do capitão Oliveira; o substituto, de apelido Guerreiro, era de estilo arrogante e pouco adequado à realidade de um cenário de guerra, destoando nitidamente dos seus pares no Batalhão 670. Acabou-se a boa vida, passámos a trabalhar das sete da manhã até à noite. Antenas novas, pintar, caiar, capinar (cortar o capim) para aí criar uma horta, etc., etc., etc. Acabaram-se as folgas, andávamos exaustos, com as mãos em ferida de tanto trabalho, mas ele achava sempre que fazíamos pouco.
A 9 de Maio, o Batalhão comemorou o primeiro aniversário da sua chegada a Angola.

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A MEIO DA MÁQUINA ZERO - UMA BRINCADEIRA COM O CADAVAL
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Rezam os meus escritos que houve festa rija e que, ao almoço, os oficiais degustaram – imaginem! – lagosta e leitão assado. Para os sargentos houve churrasco à brasileira, enquanto nós nos deliciámos com o belo bacalhau cozido com batatas e hortaliça. Um menu destes em cenário de guerra pode parecer algo irreal, mas aconteceu em Cuimba com o Batalhão de Caçadores 670.
Falta dizer que o álcool corria à vontade, e que, no fim do repasto, metade do pessoal estava bêbedo...
Terá sido para nós uma sorte os “turras” não terem descido a serra.

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DEPOIS DA MÁQUINA ZERO
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Acontecia também que, de vez em quando saía para a mata uma equipa de caça. Quase sempre voltava de mãos vazias, mas no dia 6 de Junho os homens regressaram com uma enorme pacaça (boi selvagem). Este troféu gerou grande contentamento em Cuimba e contribuiu para um acréscimo de qualidade no já de si excelente cardápio dos “Fronteiros da Canda”.
Atingidos os 13 meses de isolamento, com a sanidade mental dos militares a entrar perigosamente no vermelho, chegou finalmente a notícia que mais ambicionavam. Os seus substitutos já estavam em Luanda! Era por isso uma questão de dias.
Os substitutos eram os homens do Batalhão de Cavalaria 782, constituído maioritariamente por alentejanos e algarvios.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A AFURADA CHORA POR SOFIA

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SÁBADO 11
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TAL COMO FIZERAM OS SEUS AVÓS, AS CRIANÇAS DA
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AFURADA DIVERTEM-SE NAS ÁGUAS DO RIO QUE LHES
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SERVE DE BERÇO
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LONGE ESTAVAM DE IMAGINAR QUE PASSADAS 48 HORAS A ALEGRIA DARIA
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LUGAR À DOR
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SEGUNDA FEIRA 13
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A MENINA DE APENAS 11 ANOS TOMAVA BANHO JUNTAMENTE COM OUTRAS DUAS
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CRIANÇAS, AINDA NÃO SABIAM NADAR
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MAS TAMBÉM A ÁGUA SÓ LHES DAVA PELA CINTURA...
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DE REPENTE CAÍRAM NUM "FUNDÃO" E O DRAMA ACONTECEU
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AOS PEDIDOS DE SOCORRO DAS CRIANÇAS ACORREU UM PESCADOR QUE
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SALVOU DUAS DAS CRIANÇAS, MAS A SOFIA DESAPARECEU NAS ÁGUAS DO
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DOURO
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QUARENTA E CINCO MINUTOS MAIS TARDE OS BOMBEIROS RESGATAVAM O
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CORPO DA MENINA POR QUEM A AFURADA CHORA
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POUCAS HORAS ANTES DO CORPO DA MENINA DESCER À TERRA, O VENTO, NUM LAMENTO, SOPRAVA AO DE LEVE A ROUPA ESTENDIDA, PRECISAMENTE NO LOCAL ONDE A TRAGÉDIA ACONTECEU
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x - LOCAL DA TRAGÉDIA


5ª TERTÚLIA A 02 DE JULHO

5ª TERTÚLIA A 02 DE JULHO
COM A ARTE NO OLHAR