segunda-feira, 20 de julho de 2009

OS DIAS DE CUIMBA

MEMÓRIA
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ENTRELINHAS DE UMA MEMÓRIA
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OS DIAS DE CUIMBA 8
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Também a alimentação passou a ser pouca e má. O esquema era simples e acontecia com frequência. Alguns comandantes roubavam parte do dinheiro destinado à alimentação. Contavam, para isso, com a colaboração dos furriéis que nomeavam para o cargo de vagomestre.
Pretendendo agradar ao chefe, estes procuravam poupar o mais possível por forma a, mensalmente, depositarem nas suas mãos o dinheiro sobrante. Tive conhecimento de casos em que o comandante, não satisfeito com o “trabalhinho”, substituía o vagomestre e mostrava ao recém-nomeado as contas da administração anterior pedindo-lhe, inclusive, que se aplicasse para subir aqueles números.
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A equipa da Escuta
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Não admirava, por isso, que a alimentação tivesse piorado tanto, além de que os cozinheiros do 782 se mostravam desprovidos de jeito para o desempenho das suas funções.
Havia agora fome em Cuimba. A solução era tentar na cantina algo para comer. Cantina que era também administrada pelo comandante e onde, “curiosamente”, sempre encontrávamos à venda o que nos faltava no refeitório...
Por vezes chegavam até nós informações via Polícia de Informação e Defesa do Estado (a famigerada PIDE) alertando-nos para a possibilidade de, em determinadas noites, recebermos a indesejada visita dos “turras”.
Sempre que tal sucedia, apagavam-se as luzes do acampamento e reforçavam-se as sentinelas.
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No dia em que encontrei em Cuimba um companheiro dos bancos da Escola
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Suspeitas que quase sempre não passavam disso mesmo, mas que bastavam para nos deixar com os nervos em franja. Só que agora o Batalhão era novo e algo desastrado, teríamos de levar mais a sério essas denúncias, era agora maior a possibilidade de tal vir a acontecer.
Curiosamente, na noite de 6 para 7 de Junho não houve qualquer alerta. Teriam os “turras” descido a serra? Digo teriam porque não enxerguei nenhum. Admitindo que assim foi, teriam vindo para matar? Ou apenas para roubar alimentos, como tinha acontecido com outras companhias?
Não cheguei a saber.
Convictos de terem observado vultos no capim, os sentinelas dispararam as metralhadoras, levando a que os restantes militares pegassem nas armas e corressem para os abrigos. Não terão visto nada, mas despejaram os carregadores.
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Continua

3 comentários:

Unknown disse...

Olá Gaspar, boa tarde!


Somos da Assessoria de imprensa da campanha fotográfica África em Nós, criada pela Secretaria da Cultura de São Paulo, com a curadoria do fotógrafo Walter Firmo.

Gostaríamos de enviar à você nossa matéria da campanha, caso seja interessante para seu blog, ressaltando que é um blog muito bem elaborado, parabéns pelo arte fotográfica.

Ficamos agradecidos retornando este email para nós.


Desde já, nosso muito obrigado.


Assessoria África em Nós | http://www.africaemnos.com.br

Gaspar de Jesus disse...

Caros senhores do "AFRICA EM NÓS"
Obrigado pelas gentis palavras.
Estou naturalmente receptivo ao envio da matéria de que me falam, mas não posso escrever-vos pois não seu o v/endereço electrónico.
Tentei visitar o vosso Blog, mas é de acesso restrito.
De qualquer forma fico a aguardar o v/contacto.
G.J.

Maze Rodrigues disse...

Lindas as fotos...remetem-nos a um passado histórico e lamentável, filmado pela mente do homem e transmitida a nós, hoje, pelas lembranças de quem as viveu. Gostei de lê-las e de vê-las. Parabéns

5ª TERTÚLIA A 02 DE JULHO

5ª TERTÚLIA A 02 DE JULHO
COM A ARTE NO OLHAR