E
não é como que não tenha o que te agradecer: a facécia da rodagem do
carro à Figueira da Foz, o fim da indústria e da agricultura e da pesca
trocados pelo alcatrão das autoestradas dos amigos da Mota-Engil, o “ai
eu não sou político” mais espesso desde o tempo do Botas, o Poço
de Boliqueime passado a Fonte e o “nunca me engano e raramente tenho
dúvidas”, os hemofílicos cheios de SIDA da Dra. Leonor e as moscambilhas
do mano Zézé, a porrada na ponte e a que levei à porta do parlamento
porque não queria fazer a PGA (veio o teu ministro da polícia chamar-lhe
“acção meritória” no telejornal à noite), as propinas e o porteiro do
Hospital de Faro despedido por te ter tratado como um mero mortal, a
pensão (recusada ao Salgueiro Maia mas) atribuída aos pides, o coqueiro,
o bolo-rei e a “Mariani”, o papá gasolineiro e o genro produtor, a
medonha foto retocada das presidenciais e a patranha das escutas do
Palácio de Belém, o “Independente” e o “Inimigo Público” (só com garras
quando o governo é PS) e os orçamentos inconstitucionais, a pensão do
Banco de Portugal e as “forças de bloqueio” e o consenso e a
solidariedade institucional e a solidez do grupo Espírito Santo, o Dias
Loureiro (o teu meritório ministro da polícia) e o Duarte Lima e o
Ferreira do Amaral e a Manuela Ferreira Leite e o Durão Barroso e o
Miguel Cadilhe e o Marques Mendes e o Isaltino Morais (e o sobrinho) e o
Valentim Loureiro e o Luís Filipe Menezes e o Pedrinho Passos Coelho e o
Oliveira e Costa e o resto da escumalha do BPN... e a Maria, a Maria, a
Maria, a Maria e o ar dela e os presépios e o estilista do Fundão e a
Kátia Guerreiro a cavalo e a dor de corno dos 50 dias... obrigado
Aníbal, mil vezes obrigado.
Pai
do Monstro, nossa Thatcher sem tomates, nota de rodapé da História,
sonso mil vezes sonso... vai ser uma alegria contida e sossegada cá em
casa ver-te (mais) chupado dos ossos e (ainda mais) esclerosado na
bancada dos próceres do regime nas festarolas da Assembleia, silencioso e
finalmente total e absolutamente irrelevante; sempre é menos triste que
ver-te a escorrer despeito pelos salões mal decorados de Belém, a
hesitar na leitura dos papelinhos que sabe deus quem te enfiou nos
bolsos... não te preocupes Aníbal, está quase quase a acabar.
Não
te preocupes Aníbal, estes meses finais vamos fazer de conta que já
foste, que já não há ninguém em Belém, vamos fingir que já não existes.
Não te preocupes Aníbal, nós ajudamos-te a terminar o mandato com
dignidade... ignorando-te.
Texto de Tiago Matos Silva
Texto de Tiago Matos Silva
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