MEMÓRIA - 4 (3)
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Entrelinhas de uma Memória
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Cinquenta e um escudos por uma refeição que em Luanda não custaria mais de trinta. Esta era a forma que os colonos portugueses encontravam para “agradecer” à tropa portuguesa o facto de estarem a seu lado, pondo em risco, se preciso fosse, a própria vida para os defender. Pela também exorbitante quantia de vinte e cinco escudos pernoitámos numa camarata infestada de mosquitos, mas, como a alternativa era dormir em cima ou por baixo das viaturas, aceitámos. Seria uma noite de inferno, como o atestaram as dezenas de bolhas espalhadas pelo corpo em resultado de outras tantas ferroadas dos terríveis insectos, provocando um mal-estar colectivo que seria em parte amenizado por um retemperador banho matinal.
Fonte: Circulo de Leitores
Manhã cedo, reiniciámos a viagem. As estradas em breve desapareceriam, para dar lugar às famosas “picadas” (caminhos de montanha em terra batida). Interiormente, todos tínhamos noção de que as grandes dificuldades surgiriam a partir daí.
Os elementos da escolta agora responsável pela nossa segurança fizeram uma vistoria geral pelas viaturas. Quando se aperceberam de que empunhávamos a velha espingarda MAUSER de tiro de repetição (“vedeta” da Segunda Guerra Mundial ), nem queriam acreditar… Avisaram-nos logo que, se algo acontecesse pelo caminho, estávamos proibidos de disparar, uma vez que todos os operacionais empunhavam a espingarda automática G3, cujo “cantar” conheciam bem, e se outros disparos soassem seriam identificados como fogo inimigo. (De pouco me serviu toda a azáfama em busca da MAUSER esquecida...).
Os elementos da escolta agora responsável pela nossa segurança fizeram uma vistoria geral pelas viaturas. Quando se aperceberam de que empunhávamos a velha espingarda MAUSER de tiro de repetição (“vedeta” da Segunda Guerra Mundial ), nem queriam acreditar… Avisaram-nos logo que, se algo acontecesse pelo caminho, estávamos proibidos de disparar, uma vez que todos os operacionais empunhavam a espingarda automática G3, cujo “cantar” conheciam bem, e se outros disparos soassem seriam identificados como fogo inimigo. (De pouco me serviu toda a azáfama em busca da MAUSER esquecida...).
Fonte: Circulo de Leitores
Continua
Continua
3 comentários:
Gaspar, difícies momentos. Como se não bastasse a própria guerra, ainda tinham a guerra da fome, das negociatas para comerem, dos insetos, das guerras psicológicas e das frustrações e traumas... Meu Deus, que loucura. Uma experiência que jamais será trasnportada à absolutamente ninguém, por mais que nos toquemos com o que vc viveu! Impressionante.
Grande beijo e renove-se, sua vida é linda!
CON
O
NoC
Uma história e tanto pra contar...Um abraço,chica
Olá, Gaspar,
Uma "aventura" e tanto...
Quantas dificuldades, quantos perigos!
Bjo,
Milouska
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